Queremos crianças preparadas para a vida social, não é? Pois bem! E o que é preciso na primeira infância, afinal, para desenvolver a capacidade futura de atuar no mundo em prol da necessidade do outro?

Uma delas é o desenvolvimento do sentido do Tato! Lembram-se dos nossos avós dizendo: “Fulano não têm tato com o outro” – Tinham razão! Tato é a semente do sentido humano mais elevado, o da capacidade de nos aproximarmos do Eu do outro.

O campo de atuação da vida social é o diálogo, tão escasso em tempos atuais. Para que haja dialogo exige-se escuta, comunicação e – senso do eu do outro. É imprescindível o desenvolvimento do tato-senso do eu do outro, para que possamos superar a polarização presente nas relações sociais.

A criança necessita vivenciar experiências táteis: vestir cueiro ou depois agasalho, andar descalço, rolar na grama, mergulhar na lama, andar na chuva, nadar na areia, afundar na agua, ganhar colo e receber limites. Isso mesmo, limite amoroso desenvolve o tato.

Crianças sabem muito bem o que querem, só não sabem o que precisam.

O zelo do cuidador em escolher as roupas para a criança, em decidir e sustentar a decisão do alimento que vai comer, de definir o horário de dormir e acordar, de permitir momentos de brincadeiras livres e outras de atividades direcionadas, de cuidar para que a criança coma e durma com qualidade, é também um alimento para a educação social.

Uma criança que ainda não desenvolveu seu tato também tem muita dificuldade de sustentar relações sociais. A falta de estimulo para este sentido pode causar dificuldades na criança de sentar-se e alimentar-se em grupo, dificuldade de compartilhar brincadeiras e brinquedos, dificuldade de silenciar e ouvir, dificuldade de aceitar os pedidos dos adultos e por isso frustra-se, morde, bate, desafia, chora, joga-se, contraria. Falta-lhe percepção de seu limite corporal em relação ao outro – Tato.

Durante a primeira infância, a criança é egoísta, é para ser assim, ela necessita de todo seu impulso vital na formação do corpo físico, inclusive para a criação das condições físicas ideais para o desenvolvimento de seus sentidos inferiores, como o tato. A partir do momento em que damos a ela o desafio da escolha ou lhes fazemos explicações complexas, conversas críticas e abstratas, a criança direciona seu impulso vital para o pensamento, retirando-o da formação do corpo físico.

Mais tarde, quando jovens ou adultas, lhe comprometerá o dialogo, a `assimilação das pessoas´, poderão se tornar muito críticos, julgando os outros a partir de si mesmo e comprometendo a compreensão e percepção mais ampla do outro.

O desenvolvimento da capacidade social é um processo gradual, assim como a criança necessita de colo antes de aprender a andar, ela também precisar voltar-se para si, para depois comquistar a capacidade social.

Graciela Franco da Silveira

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